O Vazio da Pressa e do
Dinamismo
O Vazio da Pressa e do Dinamismo
(É tanta pressa que parar
pra pensar agora parece perca de tempo)
A pressa, o nervosismo e a instabilidade dos
nossos dias, presente desde o surgimento das grandes cidades, alastra-se de uma
forma tão epidémica quanto outrora a peste e a cólera. Enquanto o dia-a-dia nos
consome em afazeres, quase não percebemos, mas todas as pessoas têm
necessariamente algum projeto, algum plano. O tempo de lazer exige que se o
esgote. Ele é planejado, utilizado para que se faça alguma coisa, preenchido
com tarefas, cursos, preparatórios, ou ainda apenas com locomoções tão rápidas
quanto possível. A sombra de tudo isso cai sobre o trabalho intelectual. Este é
realizado com má consciência (como se fosse perca de tempo de “trabalho real”),
como se tivesse sido roubado a alguma ocupação urgente, ainda que meramente imaginária.
Isto é, ele mesmo — é um estorvo. Com frequência tudo se passa como se os
intelectuais reservassem para a sua própria produção precisamente apenas
aquelas horas que sobram das suas obrigações, saídas, compromissos, e
divertimentos inevitáveis.
Fica
a sobra para a intelectualidade? Fica o tempo que sobra pra pensar?
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